Caminho Nascente

Évora < > São Miguel de Machede

Etapa 9

Évora é uma das cidades com mais rico passado histórico do mundo, pelo que poderíamos ficar por cá, ou voltar cem vezes, que, nas palavras de Raul Proença (in Guia de Portugal), encontraremos sempre “(…) torres que se erguem, muralhas que nos esmagam, encruzilhadas que nos tornam perplexos, fachadas que avançam ou recolhem, desníveis, torcicolos, nichos, arquetas, alpendres, balcões, trechos de aguarela,(…)”.

Avançamos, portanto, pelas ruas e vielas estreitas, até às vias mais movimentadas que nos conduzem à periferia da cidade, prometendo voltar em breve. Pela Estrada dos Aliados saímos de Évora à “conquista” de Evoramonte, inspirados pela personagem lendária do cavaleiro “matamouros” Geraldo Sem Pavor, que figura no brasão de Évora tal qual Santiago em muitos de outras cidades. Mas não sem antes passar por Azaruja, onde encontramos o Palácio dos Condes da Azarujinha, título criado por D. Carlos I em 1890, para agraciar António Augusto de Freitas, natural da Marinha Grande, que enriqueceu no negócio dos vidros e enveredou por uma carreira política no campo regenerador.

Igreja de Nossa Senhora de Machede

É antiga a freguesia de São Miguel de Machede, onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora com o mesmo nome. Construída no século XVI, é mais uma igreja maneirista austera e monumental do Alentejo. No tempo barroco foi objeto de grande renovação, datando dessa altura praticamente todo o recheio artístico do interior e o aspeto dinâmico das torres da fachada principal. Em 1758, a igreja de Nossa Senhora da Natividade de Machede tinha três altares. Para lá do retábulo-mor, consagrado ao orago, existia um outro dedicado a Nossa Senhora do Rosário e um terceiro consagrado às benditas almas do Purgatório.

A sua ligação ao Alentejo justifica-se por ter sido um grande empreendedor do negócio da cortiça, acabando mesmo por dividir a sua grande propriedade em diferentes courelas para benefício da população local. É um edifício eclético, marcado por torreões, terraços ameados e vãos de perfil abatido, à boa maneira da arquitetura residencial abastada de finais do século XIX.

Na posse de importantes membros da nobreza alentejana, Azaruja deve ter promovido a construção do seu pelourinho no século xviii, muito depois do grande surto de pelourinhos no país, que foi coincidente com a concessão de forais por parte de D. Manuel I. A atual localização foi conferida já no século XX, altura em que se beneficiou o pequeno jardim envolvente. É um pelourinho elaborado, de coluna hexagonal e remate cónico em forma de pinha, provavelmente o único que está associado a um couto nobre e não à autonomia municipal.

Igreja de São Miguel de Machede
A igreja foi construída na segunda metade do século XVI. Em 1758, a igreja tinha cinco altares. Para lá do retábulo-mor, dedicado a São Miguel, existiam retábulos consagrados a São Pedro, Nossa Senhora do Rosário e Santo António.

Ermida de Nossa Senhora do Monte do Carmo

Esta ermida é na verdade um santuário barroco de romaria regional, que atingiu o seu apogeu no século XIX. As origens são, todavia, anteriores, e apontam para uma ermida habitada por eremitas antes dos meados do século XVIII. O atual santuário foi começado em 1757, por iniciativa de D. Frei Miguel de Távora, arcebispo de Évora. No interior deste pequeno e octogonal templo, marcado por altares de talha rococó, subsiste um repositório impressionante de ex-votos pintados em diferentes tipos de material, desde a cera ao cabedal, mas há também realizações com cabelos humanos e pele de répteis. Como destino de romaria, o santuário dispõe de casa do caseiro e duas pousadas (grande e pequena). Parte importante deste património é hoje um hotel.

e também…

Festas S. Miguel Machede − Agosto

Feiras de Saberes e Fazeres − Setembro

Festival Ponto&Alto

O Festival de Cante Alentejano de São Miguel de Machede decorre no mês de setembro e pretende contribuir para o enriquecimento do cancioneiro tradicional, incentivando o aparecimento de novas modas, dando oportunidade ao reconhecimento de talentos identificados com o Cante Alentejano, na salvaguarda deste Património Imaterial da Humanidade, reconhecido pela UNESCO. Esta iniciativa do Grupo de Cantadeiras de São Miguel de Machede e do Grupo de Cantadores “Os Marchantes”, em parceria com a Comissão de Festas e a Junta de Freguesia de São Miguel de Machede e todas as demais instituições e empresas locais, trará a festa do Cante às ruas desta vila alentejana.

Passamos a pequena ponte sobre o rio Xarrama, o bairro de Santa Luzia e, sempre em frente pelo Caminho, já em macadame, alcançamos os portões da Herdade da Fonte Coberta, cerca de 5 km após o início da nossa jornada.

Contornamos toda a propriedade pela esquerda, agora por um bonito trilho mais estreito e rústico, que nos leva até ao vale do rio Degebe, logo após a subida de uma pequena elevação. Acompanhamos o rio ao longo de 2 km, até que uma portada a bloquear o caminho à nossa frente nos avisa que é altura de arregaçar as calças e atravessar o rio a vau. Estamos sobre uma antiga via medieval que ligava Évora a Nossa Senhora de Machede, e ainda são visíveis as pedras que a calcetavam e, à esquerda, algumas das “poldras” que ajudavam os caminhantes a passar o rio.

Sem mais desvios, chegamos a Nossa Senhora de Machede. Passamos a ponte de origem romana sobre a ribeira de Machede e subimos a ladeira até ao topo, onde se destaca a igreja entre o casario baixo. Aldeia onde se trabalha bem o couro, vemos, na periferia, a fábrica de curtumes, que justifica a anómala quantidade de estabelecimentos de cafetaria no Largo da Casa do Povo. Pela esquerda tomamos a Rua 25 de Abril, mas logo 100 metros à frente desviamos e descemos a Rua do Depósito. Na curva deixamos o alcatrão e continuamos pelo caminho de terra à direita, até nos embrenharmos em mais um extenso olival que atravessamos até ao limite da herdade.

Continuamos por sucessivos montes e courelas, ao longo de uma paisagem mais ondulante, com alguns barrocais e uma imensa quantidade de aves de diferentes espécies, até um esplêndido vinhedo por onde também pasta um rebanho de cabras.

Estamos na propriedade da Casa Relvas, e não será demais sugerir um ligeiro desvio para uma visita à moderna adega, bem visível à esquerda do ponto onde nos situamos, na qual poderá provar os vinhos e outros produtos locais.

Encontramo-nos nas imediações de São Miguel de Machede, pelo que, com ou sem desvio, entramos na aldeia logo de seguida e terminamos a etapa na Praça da República, junto à igreja paroquial do padroeiro São Miguel Arcanjo. Se não o fez antes, é altura de começar a pensar em obter alojamento, perguntando na Junta de Freguesia ou num dos restaurantes da zona, onde não pode perder a especialidade das bochechas de porco com migas. Com algum tempo disponível, aproveite ainda para visitar o Monte do Álamo e a respetiva adega, situados nas imediações desta aldeia.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Apoio

 CTT

 Táxis Fonte Boa
+351 266 987 171

Restauração

 Adega do Miguel
+351 968 782 475

 Café Central
+351 266 743 279

 Snack Bar Varanda
+351 266 987 227

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Évora
+351 266 777 000

 Freguesia de São Miguel de Machede
+351 266 987 186

Saúde

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Igreja de Nossa Senhora de Machede

 Igreja de São Miguel de Machede

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros: +351 266 702 122
PSP de Évora: +351 266 760 450
Guarda Nacional Republicana: +351 266 987 123
GNR – Comando Territorial de Évora: +351 266 748 400

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.