Caminho Nascente
Amend. da Serra < > Cabeça Gorda
Etapa 4
Não se conhecem as origens da aldeia de Cabeça Gorda, já no concelho de Beja, mas há dados históricos que dão conta da sua criação ser muito anterior ao nascimento de Portugal, provavelmente durante a época da ocupação árabe, que teve início no ano 702 d.C.
Criada com o nome de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, é hoje conhecida como Cabeça Gorda, designação popular que se acredita estar associada à sua toponímia: cabeça derivando de “cabeço”, o mesmo é dizer, monte, e gorda porque ser assim a largura da mesma. E situada num “monte grande” está, de facto, esta aldeia, que se localiza no ponto mais alto da região.
Definida por uma paisagem típica do montado alentejano, com destaque para o vermelho dos terrenos argilosos, que acompanham o viajante ao longo do estradão, os vestígios da Ordem de Santiago encontram-se também no brasão da aldeia, que apresenta, entre duas luas verdes, a cruz vermelha da Ordem.
Entre esta e a aldeia “gémea” de Salvada, a escassos dois quilómetros de distância, muita história do Período Islâmico e da posterior Reconquista se fez por aqui, nos arrabaldes de Beja. História que deixou os seus vestígios, gravados no nome de ruas, como a Rua da Estalagem, a relembrar que, outrora, Cabeça Gorda já foi local de apoio para viajantes.
e também…
Festival do Cogumelo Silarca − Março
Aniversário da Freguesia – Abril
Prova de BTT Terras de Mato – Maio
Semana Cultural – Julho/Agosto
Festas em Honra de S. Luís – Agosto
Parque Biológico da Cabeça Gorda
O Centro de Interpretação dos Recursos Naturais localiza-se no Parque Biológico do Perímetro Florestal de Cabeça Gorda e da Salvada, uma propriedade de 324,8 ha de responsabilidade das Juntas de Freguesias homónimas. Este espaço foi historicamente, como muito do Alentejo, ocupado pelas culturas cerealíferas e o pastoreio intensivo provocando um crescente empobrecimento dos solos. Por forma de reverter esta situação, em 1958 foi aprovado o projeto de arborização para o Perímetro, que hoje está completamente arborizado, sendo as espécies mais dominantes o sobreiro e o eucalipto.O projeto tem como objetivo geral a valorização e a promoção do património ambiental e rural do Perímetro Florestal de Cabeça Gorda e da Salvada, qualificando este espaço como uma área de referência com vocação para a realização de atividades culturais, pedagógicas e de lazer em espaço rural e de natureza.
Saindo de Amendoeira da Serra, voltamos ao cruzamento do dia anterior e, virando à direita, entramos em estradão largo, que acompanhamos durante poucos quilómetros, até um desvio à esquerda em plena descida que pode passar despercebida. Estamos no limite norte do Parque Natural Vale do Guadiana.
Com a serra de Serpa à direita no horizonte, passamos a vau sobre a Ribeira de Terges que, em alguns períodos chuvosos do ano, pode transportar caudais de água que impeçam a passagem. Nessas alturas, não vamos explorar as escorregadias margens a procurar passagens alternativas, devendo antes pedir apoio em Amendoeira da Serra para que nos transportem a um caminho alternativo ou mesmo diretamente à aldeia de Cabeça Gorda.
Estamos já no concelho de Beja, fora da área protegida do Parque Natural, e seguimos por colinas sucessivas ao longo de 8 km, detendo-nos de vez em quando para apreciar os bosques de montado de azinheiras, o delicado narciso de flor amarela, Narcissus cavanillesii, ou o cardo roxo, Centaurea coutinhoi, ambos em estado de proteção.
Num cruzamento já com estrada asfaltada escolhemos a direção da aldeia de Vale de Russins, o único ponto de apoio nesta etapa, pelo que optamos por descansar por aqui. Abastecemos na mercearia da D. Elisete Ramos, tomamos um café na Taberna Romão e ficam-nos na memória as conversas e olhares trocados com estes poucos habitantes, cujos olhos voltam a brilhar com a “vida” que o Caminho de Santiago está a trazer à aldeia.
Por terra batida, avançamos no sentido de Cabeça Gorda. Encontramos várias herdades e seus rebanhos, e até nos surpreendemos com uma portada chinesa à nossa direita, assim no meio do nada, testemunhando com certeza a origem oriental do respetivo proprietário.
Por terra batida, avançamos no sentido de Cabeça Gorda. Encontramos várias herdades e seus rebanhos, e até nos surpreendemos com uma portada chinesa à nossa direita, assim no meio do nada, testemunhando com certeza a origem oriental do respetivo proprietário.
Prosseguimos pelo meio de um extenso perímetro florestal de pinheiro manso. Entramos na aldeia de Cabeça Gorda, deixamos o caminho de pedra e entramos na rua alcatroada João Martins Gonçalves.
Ao fundo, antes de chegar à Praça de Magalhães Lima, vemos a Igreja Matriz. É um templo modesto com ampliações datadas do séc. XIX, mandado erguer pela Ordem de Santiago. No pico do calor vemos que ninguém se atreve a circular pelas ruas. No fim de tarde, pelas ruas da vila descobrimos algum artesanato regional.
Em março, toda a atenção se vira para uma iguaria muito apreciada, o cogumelo Silarca. O Festival dura três dias e é dedicado inteiramente à região e aos amanita ponderosa. Além da exposição de produtos regionais e mostra gastronómica, podemos ver habitantes de Cabeça Gorda e arredores, na arte da apanha deste recurso natural, em pleno ecossistema emblemático de Portugal.
Concluímos a jornada na praça principal da vila, dirigindo-nos à Junta de Freguesia local que nos orientará para o alojamento local disponível.
Dicas
Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.
Apoio
CTT
Banco / ATM
Monte da Corte Ligeira
Entidades Municipais
Câmara Municipal de Beja
+351 284 311 800
Junta de Freguesia de Cabeça Gorda
+351 284 947 294
Junta de Freguesia de Salvada
+351 284 947 114
Saúde
Extensão de Saúde de Salvada
+351 284 947 275
Farmácia
Pontos de Interesse
Igreja Paroquial de Cabeça Gorda: Templo relativamente modesto, mandado erguer pela Ordem de Santiago, cuja cruz ainda faz parte do brasão da freguesia, o edifício apresenta uma feição atual que deve datar do século XIX, altura em que se ergueu uma das duas torres que flanqueiam a fachada principal.
Parque Biológico da Cabeça Gorda: Parque Biológico da Cabeça Gorda, no antigo perímetro florestal que foi gerido pelo Ministério da agricultura desde 1958 a 2008, uma propriedade de 324,8 ha. Este espaço foi, historicamente como muitos do Alentejo, ocupado pelas culturas cerealíferas e o pastoreio intensivo provocando um crescente empobrecimento dos solos.
Jardim do Moinho de Vento
CONTACTOS ÚTEIS
Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários de Beja: +351 284 311 660
Guarda Nacional Republicana: +351 284 947 113
Protecção Civil de Beja: +351 284 313 050
CÓDIGO DE CONDUTA
Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.