Caminho Nascente

Nisa < > Vila Velha de Rodão (Centro)

Etapa 19

São antigos, muito antigos, os vestígios do passado de Ródão, sobretudo de natureza geológica, datados de cerca de 600 milhões de anos. Rochas xistosas e quartzíticas, fósseis de trilobites e bivalves, testemunham um antigo mar que até ali chegava. Mas marcas da história há muitas mais, de diferentes épocas e povos, dos romanos aos muçulmanos. A caminho de Vila Velha de Ródão é também possível observar vestígios das contribuições da Ordem de Santiago, na parte que ainda se conserva da Porta de Santiago, de arco apontado e flanqueada por duas torres quadrangulares. E ao passar na rua de nome Santiago, verificamos que a ligação ao apóstolo ainda se mantém. Também há registos da Igreja de S. Tiago, outrora a segunda paróquia da vila, de onde se preservou uma imagem de Santiago Matamouros, deslocada para a Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, de onde desapareceu há muito tempo.

Na capela de São Lourenço, situada à beira da estrada alcatroada a caminho do santuário de Nossa Senhora da Graça, destaca-se um portal de lintel reto integralmente formado em tijolo. É um templo de paragem na romaria local que ligava Nisa ao santuário. A sua configuração atual data de uma grande renovação consumada em 2005. No interior, a imagem do orago situa-se em nicho na parede fundeira da exígua capela-mor.

No local onde se ergueu a primeira vila de Nisa, mandada deslocalizar por D. Dinis em 1290, e onde antes existiu um povoado proto-histórico, ergue-se o santuário de Nossa Senhora da Graça. Aqui subsistem várias capelas e vestígios de outras construções, entre cruzeiros e fontes.

É um território densamente cristianizado, próprio de um destino de romaria local, fortemente procurado ao longo de séculos e que atraiu muitos donativos. As ermidas dos Fiéis de Deus, de Nossa Senhora dos Prazeres (a mais antiga, ainda de finais da Idade Média) e de Nossa Senhora da Graça constituem o epicentro deste centro devocional, a que se juntam quatro fontes e um cruzeiro. O local articula-se ainda com a ponte medieval de Nossa Senhora da Graça, sobre a ribeira de Nisa.

Etapa 19 - Nascente

e também…

Feira das Cerejas − Junho

Festival das Sopas de Peixe − Setembro

Feira do dia de Todos os Santos − Novembro

Feira dos Sabores do Tejo

Em junho, e com o objetivo de mostrar o que de melhor se produz na região, a Feira de Sabores do Tejo celebra o rio que passa pela vila, apresentando diversas atividades a este associadas.

Preparávamo-nos para encher os cantis na Praça da República, quando reparamos num painel próximo que descreve o conjunto inusitado de fontes existentes em Nisa. Aproveitamos o alvor do dia e percorremos o Roteiro das Fontes, no qual se destaca a Fonte da Pipa, de 1706, ainda intacta no local original e abaixo do nível do chão.

Saímos de Nisa pela Praça do Município, atravessando o arco por debaixo do edifício e, após o Museu do Bordado e do Barro, continuamos em frente pela estrada municipal M526, no sentido do santuário da Senhora da Graça. É difícil enganarmo-nos no Caminho, tal é a profusão de setas e sinalética que nos orienta. Percorremos pouco mais de 3 km e passamos ao lado de um cruzeiro, alegadamente erigido à entrada do local onde primitivamente se situou a Nisa “Velha”.

O Caminho segue para a esquerda, mas aqui sugerimos um desvio de 500 m até a Ermida da Senhora da Graça, local onde existiu um templo da Ordem dos Templários. Aproveitamos para espairecer com a magnífica vista do miradouro do Cabecinho, que permite ver as serras de S. Mamede e da Estrela, o ponto mais alto de Portugal Continental. Regressamos ao percurso e trocamos o asfalto por verdes montes e campos. Passados 2,6 km, encontramos o Porto das Carretas, um pontão de cimento que substitui antigas poldras de pedra, onde atravessamos a ribeira de Nisa, caso o nível das águas o permita…

Depois deste “passeio”, voltamos à estrada para encontrar a aldeia de Pé da Serra. No sopé da serra de S. Miguel, esta aldeia destaca-se pelas suas casas brancas e pacatez, onde todos os habitantes mais “vividos” têm por tradição usar boinas que “dão para o sol e para a chuva”. Aproveitamos para descansar um pouco, pois esta é a única aldeia e ponto de apoio em toda a etapa de hoje!

Por caminhos de terra, seguimos junto à serra, entre o arvoredo de azinheiras e pinheiros, que se adensa com a altura. Caminhamos com facilidade, sem declives acentuados, sempre pelo vale da serra de S. Miguel. Do outro lado, na antiga mina de ouro romana do Conhal do Arneiro, numa lavra a céu aberto, os romanos recolhiam ouro utilizando a força erosiva da água.

Entre oliveiras, vemos agora uma pitoresca e singular paisagem. São 60 hectares de branco, rosa e cinza, na forma de pedras arredondadas com várias dimensões. Cerca de 7 km depois, já em ascensão progressiva, cruzamos com a estrada nacional N18 e subimos à cumeada da serra. Deparamos com o rio Tejo a circundar a serra das Talhadas e, à espreita, a Vila Velha de Ródão, onde terminará a etapa de hoje e o Caminho de Santiago Nascente no Alentejo.

Atravessamos os pilares de granito na ponte que faz parte da primeira revolução de estradas no país, e saboreamos a maravilhosa vista que alcança as Portas de Ródão. Na primavera, avistam-se aqui com frequência o grifo e a discreta águia-de-bonelli, que exibem o seu planar majestoso como que a saudar-nos e a desejar… Bom Caminho!

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Apoio

 CTT

 Táxis

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão
+351 272 540 300

 Junta de Freguesia de Vila Velha de Ródão
+351 272 541 011

Saúde

 Centro de Saúde de Vila Velha de Ródão
+351 272 540 210

 Farmácia

Pontos de Interesse

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
GNR: +351 272 549 050
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários: +351 272 541 022

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.