Caminho Central

São Domingos < > Santiago do Cacém

Etapa 7

Doada à Ordem de Santiago por D. Sancho I, em 1186, Santiago do Cacém foi o primeiro ponto avançado dos espatários no sul do país, à época em que a sede da ordem estava no castelo de Palmela. A vila, que tinha sido conquistada em 1158, acabou por cair em mãos muçulmanas naquele final do século XII e só entrou na definitiva posse portuguesa em 1217, após a conquista de Alcácer do Sal. Em 1310, a localidade foi doada a uma aia da rainha D. Isabel de Aragão: Vataça Lascaris, princesa bizantina exilada em Aragão e que acompanhou a rainha para Portugal, quando esta casou com D. Dinis. Já viúva, D. Vataça viveu em Santiago do Cacém entre 1317 e 1332.

No interior do castelo ainda são visíveis as ruínas do seu antigo paço, mas é na igreja matriz que se conservam os vestígios mais importantes da sua ação enquanto donatária de uma vila que tinha fortes ligações devocionais ao apóstolo Santiago. Na zona mais baixa da vila, existiu um hospital do Espírito Santo que servia viajantes e peregrinos que faziam uma paragem na vila.

Apesar de bastante modificada por uma intervenção realizada entre 1796 e 1830, na sequência de estragos provocados pelo terramoto de 1755, a igreja matriz de Santiago do Cacém conserva parte considerável da obra medieval mandada fazer por D. Vataça de Lascaris, ao redor de 1315.

Templo monumental, de três naves e antiga cabeceira escalonada, a entrada principal estava inicialmente voltada ao interior do castelo, funcionando assim como capela privada dos donatários da vila, que tinham o seu paço na alcáçova. Só nas obras de inícios do século XIX se implantou a fachada principal no local da antiga capela-mor, reforçando-se assim o estatuto do templo como igreja paroquial da vila, mais facilmente ligada ao núcleo populacional que se desenvolve na encosta do castelo.

Entre os muitos motivos de interesse desta construção conta-se a representação, numa coluna, de uma figura humana que parece representar o apóstolo munido de bastão, enquanto num outro local subsiste um busto que bebe de uma cabaça, símbolo dos peregrinos jacobeus.

Igreja Matriz de Santiago do Cacém

Igreja Matriz de Santiago do Cacém

Nela pode encontrar-se o Painel de Santiago Matamouros. Obra maior da arte medieval e uma das mais antigas representações de Santiago Matamouros na arteportuguesa, este grandioso retábulo deve ter sido encomendado ao redor de 1330 por D. Vataça de Lascaris, para a capela-mor da igreja matriz de Santiago do Cacém. O apóstolo, com o estandarte da Ordem de Santiago, cavalga triunfante sobre uma hoste de muçulmanos. Alguns são esmagados, outros tentam fugir, outros ainda esboçam uma tentativa de defesa, incrédulos perante a supremacia de tão valoroso guerreiro cristão.

Também se encontra aqui uma relíquia do Santo Lenho, relíquia medieval trazida por D. Vataça de Lascaris dos seus domínios bizantinos. Há notícia de que outras relíquias na posse daquela princesa terão sido depositadas sob as colunas, à medida que a igreja ia sendo construída.Antes de 1755, já a igreja havia sido bastante beneficiada.

Por volta de 1530, sob patrocínio deAlonso Peres Pantoja, ao tempo alcaide de Santiago do Cacém, a capela-mor havia sido coberta com uma abóbada de pedra, cujos fechos (bocetes) eram decorados com vieiras, cruzes da Ordem de Santiago e bordões em forma decruz. Quatro dessas chaves de abóbada foram preservadas na campanha pós-terramoto de 1755 e encontram-se hoje aplicadas aos muros do adro e da escadaria de acesso ao templo.

Ruínas romanas de Miróbriga

Interpretada por alguns como santuário, identificada por outros como centro urbano, sabe-se que Miróbriga foi habitada desde pelo menos a Idade do Ferro, até ao século iv d. C., tendo sido durante o período romano que mais cresceu. Situada numa zona de visibilidade favorecida, permitia o controlo de uma vasta região e das suas riquezas, nomeadamente agrícolas e de minérios. A cerca de 1 km do sítio arqueológico encontram-se as ruínas do hipódromo, que servia para corridas de carros puxados por dois ou quatro cavalos. Atualmente, o espaço conta com um Centro de Acolhimento e Interpretação, onde se encontra uma exposição permanente sobre o local, classificado desde 1940 como Imóvel de Interesse Público.

e também...

Feira do Monte − Agosto/Setembro

Santiagro, Feira Agropecuária e do Cavalo − Maio

Bolo de Santiago e Santiaguinhos

Na sua génese encontra-se uma sobremesa conventual da Galiza (Espanha), que presumivelmente ao longo do tempo se foi disseminando pelos Caminhos que, desde a Idade Média, ligavam os peregrinos a Santiago de Compostela para venerarem o Apóstolo Santiago. Mantém na base a utilização de ovos e amêndoa, no entanto sofre (nesta região) pequenas alterações, nomeadamente a utilização na sua confeção de doce de abóbora-gila, e ainda de acordo com o gosto de quem a confeciona a utilização de cacau/chocolate.

Estamos prestes a enfrentar uma das etapas mais exigentes do Caminho, não tanto pela sua extensão total (24 km) ou por alguma especial dificuldade técnica, mas pelo simples facto de esta ter de ser percorrida em total isolamento, sem qualquer recurso de apoio durante quase 21 km, até chegarmos à Aldeia dos Chãos. Apesar disso, o Caminho mantém–se sempre paralelo e a uma distância confortável da estrada nacional N261 (a cerca de 2 km), o que permite uma “escapatória” em caso de alguma dificuldade. Um ou outro monte habitado, como é o caso da Taboeira ou dos casais do Paiol de Santiago, poderão igualmente ser abordados em caso de necessidade.

A saída de São Domingos faz-se inicialmente por estrada, descendo ao cruzamento com a estrada nacional N261 e percorrendo nela cerca de 500 metros antes de nos desviarmos para a esquerda, para o caminho de areia que vai acompanhar o serpentear de um canal de rega, paralelo ao leito da ribeira de São Domingos, durante 4 km. Depois de nos desviarmos do canal, por entre montes e vales, quase sempre no domínio dos montados de azinho e sobreiro, prosseguimos pelo meio de natureza, até avistarmos alguém na passagem ao largo dos casais de Paiol de Santiago, quando já tivermos percorrido 17 km da etapa de hoje. É este o refúgio do javali, da gineta e até, há quem afirme, do majestoso lince ibérico.

Seguimos em direção à Aldeia de Chãos, a pouco mais de 3 km, onde entramos pela rua principal e nos detemos finalmente para alguns momentos retemperadores, mas sem arrefecer, pois Santiago do Cacém está já perto. Da Aldeia dos Chãos saímos por caminho de terra até à N261 e, já na rotunda, optamos por seguir em frente, descendo para a entrada da cidade. Aqui, passamos muito próximo das ruínas do povoado romano de Miróbriga.

Encontramos a estrada nacional N120 na próxima rotunda e continuamos em frente pelo eixo principal da cidade até encontrarmos o edifício da Câmara Municipal, à esquerda, com o jardim municipal à sua frente, onde termina a etapa. Em Santiago do Cacém, geminado com Santiago de Compostela, a Ordem e o apóstolo “matamouros” estão omnipresentes no passado da cidade. Várias serão as referências para visita que obterá junto dos serviços de turismo, pelo que desnecessário será aqui referi-las, mas não podemos deixar de assinalar o impacto da contemplação do painel em pedra que se exibe na igreja matriz, representando Santiago Matamouros a cavalgar sobre uma hoste de muçulmanos, envergando o estandarte da Ordem.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

APOIO

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 Posto de Turismo do Centro Histórico
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Entidades Municipais

 Junta de Freguesia de São Francisco
da Serra
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 Junta de Freguesia da União das Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra
+351 269 818 740

Saúde

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Igreja Matriz de Santiago do Cacém: Está classificada como Monumento Nacional. A igreja matriz de Santiago do Cacém conserva parte considerável da obra medieval mandada fazer por D. Vataça de Lascaris, ao redor de 1315.  Entre os muitos motivos de interesse desta construção conta-se a representação, numa coluna, de uma figura humana que parece representar o apóstolo munido de bastão, enquanto num outro local subsiste um busto que bebe de uma cabaça, símbolo dos peregrinos jacobeus.

 Centro Histórico de Santiago do Cacém: É no Centro Histórico de Santiago do Cacém, que se encontram os edifícios mais monumentais e opulentos, contando histórias e lendas de um passado glorioso. Mas, à medida que começa a descida pelas ruas e travessas da zona histórica, vamo-nos deparando com inúmeras casas senhoriais, os antigos Paços do Concelho, com o seu velhinho Pelourinho, a Torre do Relógio ou o antigo Hospital do Espírito Santo.

 Moinho Municipal da Quintinha: Os moinhos de vento, solitários no alto das suas colinas, tinham o ar digno de uma sentinela, de guarda à aldeia mais próxima. Durante séculos, testemunharam a forte ligação do homem às forças da natureza. Os moleiros dominavam os ventos nas velas dos seus moinhos, transformando a força eólica em pão. 

 Altura do Chapéu Fora: Vista panorâmica da Igreja e Castelo de Santiago do Cacém.

 Castelo de Santiago do Cacém:No interior do castelo ainda são visíveis as ruínas do seu antigo paço, mas é na igreja matriz que se conservam os vestígios mais importantes da sua ação enquanto donatária de uma vila que tinha fortes ligações devocionais ao apóstolo Santiago. Na zona mais baixa da vila, existiu um hospital do Espírito Santo que servia viajantes e peregrinos que faziam uma paragem na vila.Está classificado como Monumento Nacional desde 1910.

 Ruínas Romanas de Miróbriga: Interpretada por alguns como santuário, identificada por outros como centro urbano, sabe-se que Miróbriga foi habitada desde pelo menos a Idade do Ferro, até ao século iv d. C., tendo sido durante o período romano que mais cresceu. Atualmente, o espaço conta com um Centro de Acolhimento e Interpretação, onde se encontra uma exposição permanente sobre o local, classificado desde 1940 como Imóvel de Interesse Público.

 Ruínas do Convento de Nossa Senhora do Loreto: Convento franciscano em ruínas onde imperava grande austeridade arquitectónica, com excepção da igreja. O Convento constituiu uma das mais importantes casas franciscanas do Baixo Alentejo. A integração na paisagem é notável, revelando a profunda espiritualidade franciscana em comunhão com a natureza.

 Museu Municipal de Santiago do Cacém:  A fundação do Museu, reporta-se a uma época anterior a 1934, graças ao contributo valioso de uma figura ímpar de Santiago do Cacém, Dr. João da Cruz e Silva (1881-1948), que, ao longo de décadas, reuniu um diverso espólio de arqueologia e numismática, doado ao Município.

 Reserva Natural da Lagoa de Santo André: A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha ocupa parte do litoral dos municípios de Sines e de Santiago do Cacém e um sector marinho com 1,5 km de largura definido a partir da linha de costa. É contituida pela maior lagoa do litoral alentejano com cerca de 500 hectares, e pela Lagoa da Sancha de dimensões mais reduzidas (15 hectares).

 Rio Sado: O rio Sado nasce na serra da Vigia, nas proximidades de Ourique, a uma altitude de 230 metros, percorrendo cerca de 180 Km até à sua foz junto à cidade de Setúbal.

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários Santiago do Cacém:+351 269 810 490
GNR – Destacamento de Santiago do Cacém:+351 269 249 200

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.