Caminho Central

Casebres < > Vendas Novas

Etapa 12

Tendo Vendas Novas como destino, o Caminho leva-nos a atravessar Cabrela, cuja relevância estratégica ditou que, antes de 1220, tivesse sido doada à Ordem de Santiago para ser um posto intermédio entre a península de Setúbal e o Alentejo.

Nela encontra-se a igreja matriz, cuja atual configuração é resultado de uma construção do século XVII, que terá substituído o templo de origem medieval, presumivelmente localizado num sítio próximo conhecido por Outeiro da Igreja. Na fachada principal, uma discreta composição artística integra a cruz da Ordem de Santiago e a porta ostenta o ano de 1704, possivelmente a data em que finalizaram as obras. No interior, sobressai o retábulo tardo–barroco de talha dourada, de c. 1790, bem como duas imagens góticas de Santa Margarida e São Sebastião, procedentes de antigas capelas da vila.

Concelho de Vendas Novas

Em 1526, D. João III mandou abrir uma estrada entre Aldeia Galega do Ribatejo (atual Montijo) e Montemor-o-Novo, para servir o correio postal. No sítio onde veio a nascer Vendas Novas instalou-se uma estalagem. O chafariz real ocupa uma área periférica do perímetro urbano de Vendas Novas e foi mandado construir pelo rei D. João V, em 1728, para servir os trabalhadores que construíam o palácio real, sendo de crer que o bairro efémero onde estes trabalhadores estavam instalados se estruturou nas suas proximidades. Um dos seus tanques serviu de lavadouro público.

O nome da cidade terá provavelmente origem nas construções que por ali se fizeram, de estalagens ou “vendas” que, por serem de construção recente, passaram a ser apelidadas de novas.

Em Vendas Novas encontra o Palácio das Passagens que, como o nome indica, foi mandado construir em tempo recorde para albergar o rei D. João V e a extensa corte que o acompanhava durante apenas duas noites, no percurso até à fronteira do Caia, onde se daria a troca das princesas: D. Bárbara encontrar-se-ia com o futuro marido, o rei espanhol Fernando VI, enquanto D. Mariana Vitória, noiva do príncipe D. José, entraria no país.

O local escolhido tinha já um pequeno paço, mandado fazer no século XVI, mas que era considerado pequeno e indigno de uma comitiva real. Em menos de um ano, 2000 trabalhadores construíram o palácio, que dispunha de três corpos, organizados a partir de uma entrada régia central, provida de escadaria. Nos topos, situavam-se as câmaras do rei e da rainha e havia ainda uma capela, hoje transformada em espaço de culto do regimento militar de infantaria. Esta unidade militar instalou-se no antigo paço a partir de 1857.

Capela Real do Palácio

Capela Real do Palácio das Passagens
Mandada edificar por D. João V em 1728, para servir de conforto espiritual aos hóspedes e à família real aquando da sua estadia no Palácio das Passagens, a Capela Real do Palácio das Passagens, hoje Capela da Escola Prática de Artilharia, apresenta um traçado simples, que se julga ser do arquiteto Custódio Vieira. A fachada principal revela um pequeno nicho com uma imagem de Santo António sendo, no interior, composta por uma nave única, batistério, oratório real, sacristia e altar-mor, ao fundo do qual se destacam pinturas feitas ao estilo de João V. No altar, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, do final do século XVII, encontra-se lado a lado com a de Santa Bárbara, trazida aquando da passagem da capela para o domínio do exército.

e também…

Feira da Bifana − Maio

Festas do Concelho − Setembro

Bifanas de Vendas Novas

São o ex-libris gastronómico da zona, imagem de marca que se junta a toda a cozinha alentejana enraizada no concelho, mas que se destaca pela sua receita especial, com um molho secreto.

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A partir do Largo da Igreja atravessamos Casebres até à Rua da Maforinha, que nos leva à periferia da aldeia. Ao longo de 3,5 km percorremos uma densa plantação de eucaliptos, ciclicamente arrasada para produção de pasta de papel, pelo que tanto podemos vir a caminhar debaixo de boa sombra como de um sol abrasador.

Entramos depois em extenso pinhal, onde em algumas alturas do ano se vêem grupos de pessoas a colectar pinhas para retirar os pinhões, e outros resina, com múltiplas aplicações industriais e de consumo. Acedemos à estrada para passar a ponte sobre a ribeira da Marateca e não voltamos à floresta, completando antes pela estrada quase deserta os 3 km que faltam até à entrada da Herdade da Palhavã, a qual atravessaremos com destino à cidade de Vendas Novas. Porém, ponderados o cansaço e a hora do dia, decidimos antes continuar em frente mais 1 km até Cabrela para uma pausa e uma bifana!

Complementamos com uma Filhós de Cabrela, doce tradicional da vila, hoje em dia apreciado por todo o Alentejo Litoral. Antes de voltarmos ao Caminho, conhecemos um pouco mais o passado de Cabrela, ao descobrirmos na fachada principal da igreja matriz uma pequena imagem da cruz espatária, também patente no brasão local. Regressamos à entrada da Herdade da Palhavã e seguimos por um percurso de areiacalcada ao longo de 3 km, atravessando montado, alguns riachos e campos de pastagens de rebanhos. Saímos da Herdade da Palhavã por outro portão no lado oposto, e depois de 5,5 km transpomos o viaduto sobre a auto-estrada A6 e avistamos Vendas Novas já perto.

Percorremos mais 3 km em macadame até à Estrada da Afeiteira, que nos conduz ao núcleo urbano de Vendas Novas através da Avenida 25 de Abril. Passamos uma réplica de moinho de vento que deveria albergar o Posto de Turismo mas, estando encerrado, seguimos até à Câmara Municipal, na Avenida da República, via Rua António Coelho de Oliveira, onde terminamos a etapa de hoje.

Distância 22,3 km


Altitude máxima 150 m


Altitude mínima x


Subida acumulada 409 m


Descida acumulada -295 m


Duração 5h30m


Dificuldade (0-5) 3

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Vendas Novas é uma cidade jovem e “prática”, sem grandes rasgos de beleza ou de riqueza patrimonial. Ainda no século XVIII era um mero lugarejo iniciado por uma “venda”, isto é, uma pequena área de comércio para almocreves e viajantes, que só por efeito da construção do Palácio das Passagens (onde hoje se encontram o Regimento Militar de Artilharia n.º 5 e o Museu da Escola Prática de Artilharia) sofreu impulso significativo.

Também “prática” é a sua gastronomia, que talvez por efeito da elevada proporção de população militar e de trabalhadores industriais se cristalizou nas afamadas Bifanas de Vendas Novas (de Carne de Porco DOP) e nas variadas sopas.

Para acompanhar, os vinhos produzidos na região, que vão ganhando espaço e reconhecimento, valendo a pena visitar uma adega e inebriar-se com os seus aromas particulares. Em Vendas Novas aproveitamos ainda para conhecer a Queijaria das Romãs, com grande historial de produção artesanal de queijo fresco, requeijão e, para conhecedores, o almece, um tradicional produto alentejano, resultante do soro de coalhada do queijo de ovelha.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Onde Dormir

  Casa das Letras Bed & Books, Cabrela

  Hotel Acez, Vendas Novas

  Casa dos Infantes, Vendas Novas

  Casa Fisher, Vendas Novas

  MIXinn Hospedaria, Vendas Novas

Apoio

 CTT, Vendas Novas

  Multibanco, Vendas Novas

 Posto de Turismo de Vendas Novas
+351 265 807 700

 Supermercado, Vendas Novas

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Alcácer do Sal
+351 265 601 040

  Junta de Freguesia de São Martinho
+351 265 649 811

  Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
+351 266 898 100

  Junta de Freguesia de Cabrela
+351 265 858 033

 Câmara Municipal de Vendas Novas
+351 265 807 700

  Junta de Freguesia de Vendas Novas
+351 265 809 580

Saúde

 Centro de Saúde de Vendas Novas

 Farmácia, Vendas Novas

Pontos de Interesse

  Palácio Real de Vendas Novas: Edificado por ordem do Rei D. João V em 1728, o Palácio teve como propósito servir de local para descanso à comitiva real aquando do episódio que na história de Portugal ficou conhecido como a troca das princesas – o Rei de portugal e o Rei de Espanha acordaram entre si o casamento de seus filhos.

  Capela Real do Palácio das Passagens: Mandada edificar por D. João V em 1728, para servir de conforto espiritual aos hóspedes e à família real aquando da sua estadia no Palácio das Passagens, a Capela Real do Palácio das Passagens, hoje Capela da Escola Prática de Artilharia, apresenta um traçado simples, que se julga ser do arquiteto Custódio. .Vieira.

  Charariz Real: Ponto de referência histórico, o Chafariz Real foi construído para bebedouro de trabalhadores e animais que participaram na construção do Palácio Real em 1728. É composto por dois alongados reservatórios de alvenaria, os quais também já serviram de lavadouro público, e tem ao longo dos anos sofrido diversas intervenções.

 Museu de Artilharia de Vendas Novas: Um museu de história militar da arma de artilharia constituído por uma parte instalada no jardim fronteiro à fachada principal da escola, sendo aqui que se encontram as Bocas de Fogo e uma outra parte instalada numa dependência do Quartel.

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários: +351 265 807 170
GNR Posto Territorial de Vendas Novas: +351 265 809 780

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.